domingo, 19 de dezembro de 2010

O Derramamento do Espírito



TEM O SEU PREÇO

Mão há derramamento do Espírito sem preço. Avivamento não é algo superficial. Ele não é dado sem que primeiro haja um sério preparo da igreja. Avivamento é preparar o caminho do Senhor para que ele se manifeste (Lc 3. 4). Avivamento implica mudança radical de vida.
Existem diversas pessoas anunciando hoje um avivamento de muito barulho, muita festa, muita emoção, muito movimento, pouca consistência e nenhuma mudança de vida.
Há aqueles que buscam um avivamento inti­mista, subjetivista, sensacionalista, de experiências arrebatadoras, de calafrios na espinha, de crises de choro, de sopros poderosos, de visões celestiais, de revelações arrepiantes e línguas estranhas, mas não querem mudar de vida; não têm sede de santidade.
Uns estão confundindo avivamento com dons espirituais. Os dons são importantes, são contem­porâneos, são distribuídos soberana e livremente pelo Espírito Santo (1 Co 12.11), mas a presença deles na igreja não é evidência de avivamento. Muitos têm os dons, mas não produzem o fruto do Espírito. Têm carisma, mas não têm caráter cristão. A igreja de Corinto era dotada de todos os dons (1 Co 1.7), mas era imatura e carnal (1 Co 3.1-3).
Vemos hoje muitas pessoas buscando o dom de variedade de línguas, entendendo que ele é a evidência do batismo com o Espírito Santo, a prova irrefutável do revestimento de poder e o selo distintivo do avivamento, não é este, obviamente, o ensino do Novo Testamento. A evidência do poder do Espírito manifesta-se numa vida santa e comprometida com o testemunho ousado do evangelho (At 1.8).
Outros confundem avivamento com um culto animado, com bastante som, muita música, muita agitação e pouca ordem, onde o que importa é sentir-se bem.
Há ainda aqueles que andam sedentos por um avivamento de milagres, curas, exorcismos e sinais extraordinários. Correm as igrejas. Mudam de denominação. Estão sempre atrás da bênção e se esquecem de ser bênção. Erlo Stegen diz no livro Reavivamento na África do Sul: "Se você não é bênção onde está, será maldição onde for."
Creio que o livro de Joel é um referencial para nós sobre o que é o derramamento do Espírito e o seu verdadeiro preço. Se queremos ver as torrentes de Deus caírem sobre a igreja, não podemos con­tornar esse caminho, escapar por atalhos ou remo­ver essas marcas.

1. O derramamento do Espírito é precedido de uma consciência de crise.
Joel está descrevendo uma crise avassaladora que sobreveio a Israel, como conseqüência do juízo de Deus sobre o pecado do povo. Essa crise é descrita de três formas:
1.1 Vieram quatro bandos de gafanhotos (Jl 1.4).
O cortador, o migrador, o devorador e o destruidor. Esses agentes do juízo de Deus devastaram as plantações, deixando um rastro de desolação e morte.
1.2 Veio uma seca implacável (Jl 1.10-18).
Assolou todo o país, deixando uma marca indelével de fome, miséria e pobreza.
1.3 Veio o cerco de um inimigo numeroso (Jl 1.6;2.1-11.)
Esmagou o povo impiedosamente, espoliando e arruinando a nação.
É no âmago dessa crise dolorosa, no meio desse cenário de dor e desonra, que Joel levanta sua voz para convocar a nação a buscar a Deus. Toda aquela tragédia era resultado do pecado do povo. Só a volta para o Senhor poderia reverter aquela amarga situação.
Assim também, precisamos ter consciência de que a igreja está passando por crise. Ela está desolada (Is 62.4). Está, como Ziclague, ferida e saqueada pelo inimigo (1 Sm 30.1-6). A igreja parece, hoje, com Sansão - um gigante que ficou sem visão e sem forças e está dando voltas sem sair do lugar (Jz 16.20,21). Há fome e inquietação no arraial de Deus. Há uma seca avassaladora. As ovelhas já não sabem mais o que são pastos verdes. Estão comendo palha e alimentos secos. O inimigo tem cirandado no meio da congregação dos santos. Escândalos escabrosos afloram com muita freqüên­cia no meio do povo de Deus. Há pecados ocultos e coisas horrendas sendo feitas e praticadas por pessoas que empunham o estandarte do Senhor (Ez 8.3-13). Há falta de amor, de comunhão e de simplicidade no meio do povo de Deus. A igreja, ao invés de ser imitadora da Nova Jerusalém, aberta a todos (Ap 21.13) e fechada ao pecado (Ap 21.27), tem sido fechada ao pecador e aberta ao pecado.
A igreja está em crise na doutrina, na ética e na evangelização. Doutrinas de homens têm entrado nas igrejas. O relativismo ético tem sido característica de muitos cristãos. A igreja está sem autoridade e sem entusiasmo para evangelizar. Por isso está murchando, diminuindo em muitos lugares.
Se queremos um derramamento do Espírito, precisamos, primeiro, compreender que estamos em crise e colocar nosso rosto no pó.

2. O Derramamento do Espírito é marcado por uma volta para Deus.
Qual é o processo dessa volta para Deus?
2.1 Volta para uma relação pessoal com Deus. "...convertei-vos a mim... " (Jl 2.12.) O caminho do avivamento é aberto quando voltamos as costas para o pecado e a face para o Senhor. Não há derramamento do Espírito sem retorno para Deus. Não é apenas um retorno à igreja, à doutrina, a uma vida moral pura, mas uma volta para uma relação pessoal com Deus. A maior prioridade da nossa vida é voltarmo-nos de todo o nosso coração para o Senhor; é gozar­mos da intimidade de Deus. Jesus, quando constituiu os doze apóstolos, determinou-lhes, prioritariamente, que estivessem com ele; só depois os enviou a pregar (Mc 3.14,15). O Deus da obra é mais importante que a obra de Deus. O Senhor está mais interessado na nossa relação com ele do que em nosso ativismo religioso.
Muitos hoje estão como Pedro no Getsêmani, seguindo a Jesus de longe. Não querem se comprometer, não querem se envolver. Deus não tem sido o centro das atenções e das aspirações do seu povo. Cada um corre atrás de seus próprios interesses, como nos dias do profeta Ageu (Ag 1.9), e deixa o Senhor de lado. É por isso que precisamos desse derramamento do Espírito!
2.2 Volta com sinceridade para Deus.
"... de todo o vosso coração..." (Jl 2.12.) São muitos aqueles que, num momento de forte emoção, após um congresso, um encontro, um retiro espiritual ou uma mensagem inspirativa, fazem promessas lindas para Deus. Comprometem-se a orar com mais fervor, a ler a Palavra com mais avidez, a testemunhar com mais ardor. Outros derramam lágrimas no altar do Senhor, fazem votos solenes de que andarão com ele em novidade de vida, mas todo esse fervor desaparece tão rápido como a nuvem do céu e o orvalho que se evapora da terra; e já no pátio da igreja, antes mesmo que o sol desponte, anunciando um novo dia, tudo já caiu no esquecimento.
Os crentes hoje são muito superficiais. Não levam Deus a sério. Falam com frivolidade. Prometem o que não desejam cumprir. Honram a Deus só de lábios, negam-no com sua vida e não se voltam para ele de todo o coração.
Há aqueles que só andam com Deus na base do aguilhão. Só se voltam para ele no momento em que as coisas apertam. Só se lembram do Senhor na hora das dificuldades. Mão se voltam para ele porque o amam ou porque estão arrependidos, mas porque não querem sofrer. A motivação da busca não está em Deus, mas neles mesmos e no que podem receber dele. Para estes, o Senhor é descartável (Os 5.15; 6.14).
Deus não tolera uma religiosidade assim. Ele não aceita coração dividido. Somos ou não somos totalmente dele.
2.3 Volta com diligência para Deus.
"... e isto com jejuns..." (Jl 2.12.)
Quem jejua está dizendo implicitamente que a volta para Deus é mais importante e mais urgente que o sustento do corpo.
O jejum é instrumento de mudança, não em Deus, mas em nós. Leva-nos ao quebrantamento, à humilhação e a ter mais gosto pelo pão do céu do que pelo pão da terra.
Jejum não é greve de fome, regime para ema­grecer ou ascetismo. Também não é meritório. Ele sempre se concentra em finalidades espirituais.
Nosso jejum deve ser para Deus: "...Quando jejuastes... acaso, foi para mim que jejuastes, com efeito, para mim?" (Zc 7.5.) Deve também provocar em nós uma mudança em relação às pessoas à nossa volta (Is 58.3-7). Se o nosso jejum não é para Deus e se não muda a nossa vida em relação às pessoas que nos cercam, então fracassamos.
O jejum é uma experiência pessoal e íntima (Mt 6.16-18). Há momentos, porém, que ele torna-se aberto, declarado, coletivo. Joel conclama o povo todo a jejuar nesse processo de volta para Deus (Jl 2.15). O rei Josafá, numa época de profunda agonia e de ameaça para o seu reino, convocou toda a nação para jejuar, e o Senhor lhe deu o livramento (2 Cr 20.1-4, 22). A rainha Ester convocou todo o povo judeu para jejuar três dias, e Deus reverteu uma sentença de morte já lavrada sobre os judeus exilados (Et 4.16). Em sinal de arrependimento, toda a cidade de Nínive voltou-se para o Senhor com jejuns (Jn 3.5-10).
Em 1756, o rei da Inglaterra convocou um dia solene de oração e jejum, por causa de uma ameaça por parte dos franceses. John Wesley comenta esse fato no seu diário, no dia 6 de fevereiro:
"O dia de jejum foi um dia glorioso, tal como Londres raramente tem visto desde a restauração. Cada igreja da cidade estava lotada, e uma solene gravidade estampava-se em cada rosto. Certamente Deus ouve a oração, e haverá um alongamento da nossa tranqüilidade."
Em uma nota ao pé da página, ele escreveu mais tarde: "A humildade transformou-se em regozijo nacional porque a ameaça da invasão dos franceses foi impedida."
Certamente o jejum é uma bênção singular.
Charles Haddon Spurgeon escreveu: "Nossas temporadas de oração e jejum no tabernáculo têm sido, na verdade, dias de elevação; nunca a porta do céu esteve mais aberta; nunca os nossos corações estiveram mais próximos da glória."
Há alguns anos, um pastor presbiteriano, da Coréia do Sul, esteve no Brasil e contou sua dolorosa experiência de estar vários anos trabalhando arduamente na mesma igreja sem ver frutos. Buscou a Deus, humilhou-se e compreendeu que precisava voltar-se mais para junto do trono. Resolveu, então, num ato ousado, fazer um jejum de quarenta dias. Comunicou o fato à igreja e à família, subiu a um monte e ali ficou orando a Deus, lendo a Palavra e sondando seu coração. Até o décimo oitavo dia, tudo parecia suave. Do décimo oitavo ao vigésimo quarto dia, uma fraqueza imensa tomou conta do seu corpo. Quase se desesperou, mas continuou firme. Do vigésimo quinto ao quadragésimo dia, uma doce paz invadiu sua alma, um gozo inefável tomou conta do seu coração. O céu se abriu sobre sua cabeça e ele glorificou ao Senhor com alegria indizível.
Após o jejum, reiniciou seus trabalhos na igreja. Seus sermões não eram novos de con­teúdo, mas havia uma nova unção. A Palavra de Deus atingia com poder os corações. De repente, a igreja começou a quebrantar-se, os pecadores vinham de todos os lados. Em três anos aquela igreja saiu da estagnação e já estava com seis mil membros.
Temos jejuado? Aqueles que aspiram a uma vida mais profunda com Deus não podem prescindir do jejum. Os homens que andaram com o Senhor e triunfaram sobre o inferno foram pessoas de oração e jejum.
2.4 Volta com quebrantamento para Deus.
"... com choro e com lágrimas..." (Jl 2.12.)
O povo de Deus anda com os olhos enxutos demais. Muitas vezes desperdiçamos nossas lágrimas, chorando por motivos fúteis demais. Outras vezes, queremos anular as emoções da nossa experiência cristã. Achamos que o choro não tem lugar em nossa vida. É por isso que estamos tão secos. Se compreendemos o estado da igreja e a nossa própria situação e não choramos é porque já estamos endurecidos.
Temos chorado como Jacó chorou no Jaboque, buscando uma restauração da sua vida? (Os 12.4.) Temos chorado como Davi chorou ao ver sua família saqueada pelo inimigo? (1 Sm 30.4.) Temos chorado como Neemias chorou ao saber da desonra que estava sobre o povo de Deus? (Ne 1.4.) Temos chorado como Jeremias chorou ao ver os jovens da sua nação desolados, vencidos pelo inimigo, e as crianças jogadas na rua como lixo? (Lm 1.16; 2.11.) Temos chorado como Pedro, por causa do nosso próprio pecado de negar a Jesus muitas vezes por covardia? (Lc 22.62.) Temos chorado como Jesus, ao ver a impenitência da nossa igreja e da nossa cidade? (Lc 19.41.)
Conhecemos o que é chorar numa volta para Deus? Nosso coração tem se derretido de saudades do Senhor? Há tempo de rir e tempo de chorar (Ec 3.4). Creio que este é o tempo de chorar, não de desespero, mas de arrependi­mento.
2.5 Volta com sinceridade para Deus.
"Rasgai o vosso coração e não as vossas vestes..." (Jl 2.13.)
Nessa volta para Deus, não adianta usar o subterfúgio da teatralizaçao. O Senhor não aceita encenação. Ele não se impressiona com nossos gestos, nossas palavras bonitas, nossas emoções sem quebrantamento. Diante dele não adianta usar fachada e fazer alarde de uma piedade for­jada, como o fariseu (Lc 18.11-14). Ele vê o co­ração (1 Sm 16.7). Diante dele não adianta "rasgar seda": é preciso rasgar o coração. Para Deus não é suficiente apenas estar na igreja (Is 1.12) e ter um culto animado (Am 5.21-23). É preciso ter um coração rasgado, quebrado, arrependido e trans­formado.
Como é triste constatar que há pessoas que passam a vida toda na igreja e nunca se humilham diante do Senhor. Outros representam o tempo todo um papel que não vivem de verdade. Esbanjam santidade, mas no coração são impuros. Fazem alarde da sinceridade, mas interiormente são hipócritas. Advogam fidelidade, mas no íntimo são infiéis.
O apóstolo Pedro tratou com muito rigor o pecado de hipocrisia na vida de Ananias e Safira. Eles se mostraram muito solidários e altruístas ao venderem uma propriedade e entregarem o valor aos apóstolos. Mas o que queriam na verdade era glória para eles mesmos. Retiveram parte do dinheiro e mentiram, dizendo que estavam entregando tudo (At 5.1-11).
Pião houve pecado que Jesus denunciasse com mais veemência do que a hipocrisia. Os fariseus, na sua hipocrisia, rasgavam as vestes em sinal de abundante espiritualidade, mas o coração estava insensível.
O que adianta cantarmos e falarmos palavras bonitas para Deus se não somos sinceros diante dele? Como podemos esperar um derramamento do Espírito se nosso coração não se rasga perante o Senhor?

3. A urgência da volta para Deus.
"Ainda assim, agora mesmo..." (Jl 2.12.)
A despeito da calamidade, da crise, da seca, da fome, da devastação provocada pelo inimigo, agora e não amanhã é o tempo de voltarmos para Deus.
A crise não deve nos empurrar para longe de Deus, mas para os seus braços. A frieza da igreja e o endurecimento dos corações não devem ser motivos desanimadores, mas impulsionadores para buscarmos o derramamento do Espírito. Os aviva-mentos sempre aconteceram em tempos de crise. É quando os recursos da terra se esgotam que as comportas do céu se abrem. Por isso, erguamos nosso clamor como o profeta Oséias: "... é tempo de buscar ao Senhor, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós." (Os 10.12.)
O tempo de voltar para Deus é agora. Nada é mais urgente do que esse encontro com o Senhor. Deus nos quer agora. Avivamento é para hoje. O tempo de Deus é agora, a despeito da crise. Não podemos agir insensatamente como Faraó. Quando o Egito estava atormentado pela praga das moscas, ele pediu a Moisés para orar a Deus, para que a terra fosse liberta daquela calamidade. Moisés lhe perguntou: quando você quer que eu ore? Ele respondeu: amanhã (Êx 8.8-10). Muitos cristãos também estão deixando para amanhã a sua volta para Deus. Estão protelando sua entrega total ao Senhor. Estão deixando de usufruir das bênçãos hoje, por negligência e dureza de coração.
O acerto de vida é urgente. Joel ordena: "Tocai a trombeta em Sião..."(Jl 2.15.) A trombeta só era tocada em época de emergência. Mas estejamos atentos ao fato de que a trombeta é tocada em Sião e não no mundo. O juízo começa pela casa de Deus (1 Pe 4.17). Primeiro a igreja precisa voltar-se para o Senhor, depois o mundo o fará. O avivamento começa com a igreja e, a partir dela, atinge o mundo. Quando a igreja acerta sua vida com Deus, do céu brota a cura para a terra (2 Cr 7.14).


4. O encorajamento da volta para Deus.
"...porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em ir ar-se, e grande em benignidade..." (Jl 2.13.)
Podemos esperar um derramamento do Espírito com base na infinita misericórdia do Senhor. Avivamento, segundo o profeta Habacuque, é Deus lembrar-se da sua misericórdia, na sua ira (He 3.2). Segundo Isaías, avivamento é Deus afastar de nós sua ira e voltar para nós o seu rosto (Is 64.7-9). Se houver arrependimento em nosso coração, temos a garantia de que o Senhor usará de misericórdia para conosco e restaurará nossa sorte.

5. Quem deve voltar-se para Deus.
"...congregai o povo, santificai a congre­gação..." (JI 2.16.) '
"...chorem os sacerdotes, ministros do Senhor..." (Jl 2.17a.)
Ninguém deve ficar de fora dessa volta para Deus. Todo o povo deve ser congregado. Toda a congregação deve ser santificada.
Todavia, o profeta começa a particularizar os que devem fazer parte dessa volta:
5.1 Os anciãos.
A liderança precisa estar à frente, na vanguarda daqueles que desejam um derramamento do Espírito. Os líderes são os primeiros que precisam ter pressa para acertar sua vida com Deus. Os anciãos são os primeiros que devem colocar o rosto em terra (Js 7.6). A igreja é o retrato da liderança que tem. Ela nunca está à frente de seus líderes. Os líderes devem ser os primeiros a comparecer às reuniões de oração e às noites de vigílias, colocando-se na brecha da intercessão pelo povo. A liderança precisa ser modelo para o rebanho (lPe 5.1-4).
5.2 Os filhinhos, os jovens.
Faraó quis reter na escravidão a juventude, achando que lugar de jovem é no Egito (Êx 10.10,11). Muitos hoje acham que jovem tem mais é que curtir a vida e desfrutar dos manjares do mundo, pois a juventude passa e eles precisam ter prazer na mocidade. Por isso, muitos jovens estão sendo profanos, como Esaú, e trocando o direito de primogenitura por um prato do guisado do mundo (Hb 12.16,17). Outros, como Sansão, estão quebrando os votos de consagração que fizeram a Deus, envolvendo-se em relações pecaminosas e escorregadias que poderão levá-los à falência espiritual (Jz 16.1, 4, 18-25).
Se queremos mesmo um derramamento do Espírito, precisamos ter uma juventude com a fibra de José, que prefere ser preso a ir para a cama com uma mulher que não é a sua esposa (Gn 39.12). Precisamos ter uma juventude do timbre de Daniel, que resolve firmemente no seu coração não se contaminar, ainda que isso seja um risco para o seu sucesso (Dn 1.8).
O lugar de jovem crente ter prazer não é nos antros do pecado., nos subúrbios dos vícios, nas camas dos motéis ou na roda dos escarnecedores, mas na presença de Deus, pois só aí há plenitude de alegria (Sl 16.11). O lugar dos jovens crentes é no altar de Deus, buscando esse revestimento do poder do céu.
5.3 As crianças.
Até as crianças em fase de aleitamento precisam estar com sua mãe, nesse processo de busca. Nossos filhos precisam amar os altares de Deus, desde a mais tenra idade. Nossas crianças não podem ser entre­gues à babá eletrônica, mestra de nulidades e perversões, as mais aberrantes. Nossas crianças precisam amar ao Senhor. Nós, pais, devemos inculcar a Palavra de Deus na mente de nossos filhinhos (Dt 6.4-9). Precisamos ter o mesmo zelo de Joquebede, que aproveitou a infância do seu filho, Moisés, para plantar no seu coração as gloriosas verdades de Deus; e isso determinou, mais tarde, o curso de sua vida e da história do povo israelita (Hb 11.23-29). Precisamos ter o mesmo compromisso que Lóide e Eunice tiveram com Timóteo, ensinando-lhe as sagradas letras desde a infância (2 Tm 1.5; 3.14,15).
5.4 Os noivos no dia do casamento.
Voltar-se para Deus e acertar a vida com ele é mais urgente do que se casar no dia do casamento. Não há compromisso mais vital e mais premente do que esse. Nada mais pode ocupar a primazia da sua agenda.
5.5 Os sacerdotes e ministros.
Os sacerdotes e os ministros são convocados a chorar e orar em favor do povo. Nossos pastores andam secos demais, pregam com os olhos enxutos demais, oram pouco demais. Um dos maiores obstáculos para o avivamento tem sido os pastores. Estão tão acostumados com o sagrado que já não são mais impactados pela Palavra de Deus. Estão tão confiados no seu intelectualismo que já não dependem mais do Senhor.
C. H. Spurgeon dizia para seus alunos que se os pastores não forem homens de oração, seu rebanho será digno de pena. Entretanto, quando o pastor se humilha diante de Deus e começa a buscar avivamento, a congregação toda é contagiada. Quando ele vai para a casa do Senhor e ali chora, derramando lágrimas em favor da igreja, o Espírito começa a mover-se no meio do povo.
Quando olhamos para a história do povo de Israel, constatamos que, sempre que líderes piedosos estavam à frente, o povo andava com Deus. Porém, quando os líderes se desviavam, o povo todo se afastava do Senhor.
Quando o ministro não leva Deus a sério, em vez de bênção, ele traz maldição para o rebanho (Ml 2.2). Quando o ministro se aparta do Senhor, o povo passa a ser destruído (Os 4.6-10). Quando o ministro deixa de andar com Deus, em vez de guia espiritual, ele passa a ser um laço e uma armadilha perigosa para o povo (Os 5.1,2).
É tempo de os pastores colocarem o rosto no pó e de os ministros se angustiarem por causa da sua sequidão e esterilidade. Também é tempo de os sacerdotes chorarem pelo povo de Deus e clamarem por socorro até que o Senhor restabeleça nossa sorte.

6. O que acontece depois da volta para Deus.
Quando a igreja se volta para Deus e acerta sua vida com ele, ele se compadece do seu povo (Jl 2.18-27); ao invés de fome, há fartura (vv. 2.19, 24); ao invés de opressão do inimigo, há libertação (v. 20); ao invés de tristeza e de choro, há alegria (v. 21); ao invés de seca, há chuvas abundantes (v. 23); ao invés de prejuízo, há restituição (v. 25); ao invés de vergonha, há louvor (v. 26); ao invés de lamentação e de solidão, há a plena consciência de que Deus está presente (vv. 26,27).
Vejamos agora o que acontece depois da volta e da restauração:
6.1 O derramamento do Espírito.
"E acontecerá depois que derramarei o meu Espírito..." (Jl 2.28.)
O derramamento do Espírito não acontece antes, mas depois; só depois que a igreja se volta para Deus, se arrepende do seu pecado e acerta sua vida com o Senhor. Orar por avivamento sem tratar do pecado é ofender a Deus. Buscar o derramamento do Espírito sem voltar-se para Deus e abandonar o pecado é atentar contra a santidade do Senhor.
6.2 A quebra de preconceitos.
O Espírito de Deus nos afasta do pecado e nos aproxima das pessoas. Onde o Espírito de Deus domina, reina o amor, quebram-se as barreiras, rompem-se as cadeias dos preconceitos e triunfa a comunhão. Vejamos mais detidamente a aborda­gem do profeta Joel:
a) Quebra do preconceito racial.
"... derramarei o meu Espírito sobre toda a carne..." (Jl 2.28.)
"Toda a carne" aqui não é quantitativamente falando, mas qualitativamente. O Espírito de Deus é derramado sobre todos aqueles que se voltam para o Senhor em todas as raças, povos, tribos, línguas e nações. Essa bênção não é apenas para os judeus; é também para os gentios. A des­cendência de Abraão, sobre quem Deus prometeu o derramamento do Espírito (Is 44.5), não é segundo a carne (Rm 2.28,29); todo aquele que crê em Cristo é filho de Abraão e herdeiro dessa gloriosa promessa (Gl 3.29; At 2.38,39). Agora já não há judeu nem grego (Gl 3.28). Agora a parede da separação e o muro das inimizades já foram derrubados (Ef 2.14). Agora todos os que crêem são concidadãos dos santos e membros da família de Deus (Ef 2.19). Por isso, quando o Espírito foi derramado na casa de Cornélio, Pedro não teve dúvidas de batizá-los e recebê-los na comunhão da igreja (At 10.34,35, 44-48).
b) Quebra do preconceito sexual.
"... vossos filhos e vossas filhas profetizarão..." (Jl 2.28.)      
O Espírito é derramado sobre filhos e filhas. não há distinção. Não há separação. Não há acepção. na igreja de Deus não há espaço para a margi­nalização das mulheres. Elas também falam em nome do Senhor, conforme os oráculos de Deus, e podem profetizar, como profetizaram as filhas de Filipe (At 21.8,9).
c) Quebra do preconceito etário.
"... vossos velhos sonharão e vossos jovens terão visões." (Jl 2.28.)
Deus usa o velho e o jovem. Ele não se limita à experiência do velho nem apenas ao vigor do jovem. Ele torna o jovem mais sábio que o velho (Sl 119.100) e o velho mais forte que o jovem (Is 40.29­31).
Onde Deus derrama seu Espírito, os velhos recebem novo alento. Como Calebe, deixam de viver apenas de lembranças e começam a ter sonhos na alma para olharem para a frente, buscando novos desafios (Js 14.6-14).
d) Quebra do preconceito social.
"Até sobre os servos e sobre as servas derra­marei o meu Espírito naqueles dias." (Jl 2.29.)
O Espírito de Deus não é elitista. Ele vem sobre o rico e o pobre, sobre o doutor mais ilustrado e o analfabeto. Quando o Espírito Santo é derramado sobre as pessoas, elas podem ser rudes como os pescadores da Galiléia, mas, na força do Senhor, revolucionam o mundo. "...Deus escolheu as cousas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as cousas fracas do mundo para enver­gonhar as fortes; e Deus escolheu as cousas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus." (1 Co 1.27-29.)
Mesmo que tenhamos limitações na cultura e formação intelectual, o Espírito Santo pode usar-nos ilimitadamente. A obra de Deus não avança com base na nossa sabedoria e força, mas no poder do seu Espírito (Zc 4.6).
.                    GLORIA A SANTO ESPIRITO

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