sexta-feira, 21 de agosto de 2009

BEIJO E A SEXUALIDADE DO CASAL

Por: Psic. Valéria Diniz

O beijo é o termômetro do desejo. Sinal poderoso antes, durante e depois da relação sexual. Saber usar esse sinal é um fator decisivo para uma relacionamento de qualidade.

O beijo nos coloca novamente em contato com as primeiras sensações de prazer e gratificação sentidas no ato de sugar. Desde muito cedo, a boca é a primeira fonte de prazer. Com 16 semanas de vida, além de fazer caretas, levantar as sobrancelhas e coçar a cabeça, as papilas gustativas já estão desenvolvidas.

A experiência tem demonstrado que o feto faz careta e para de engolir quando uma gota de substância amarga é colocada no líquido amniótico. Por outro lado, uma substância doce provoca a aceleração dos movimentos de sucção e deglutição. Aliás, o prazer do paladar continua na fase em que o bebê se amamenta através do mamilo da sua mãe. Daí para frente, o paladar fica cada vez mais apurado.

É através da boca que o bebê estabelece seu primeiro contato com outro ser humano e a partir daí, começa a conhecer o mundo, labendo e levando a boca todo e qualquer objeto.

Conhecendo as texturas, áspero, liso. Os gostos, salgado, doce, amargo, ácido. A temperatura, morno, gelado, quente. Beijar é ter a permissão de entrar no território alheio, descobrindo aromas, sabor e temperatura até então desconhecidas.

No ato de beijar estamos tão próximos que a percepção do cheiro fica mais aguçada. E a razão pela qual beijar alguém é uma experiência - quase em todos os casos - prazerosa, é a quantidade de terminações nervosas localizadas naquele pequeno espaço formado entre a boca e as narinas.

É por isso que cada beijo é uma grande fonte de prazer tanto para quem o dá quanto para quem o recebe. Porém não bastam só os terminais nervosos para que um beijo seja bom. É muito importante o modo como os receptores são estimulados, e esse jeitinho muito particular que cada um tem de beijar é o que faz com que cada pessoa beije de modo diferente.

Do beijo “selinho” , aquele dado só com a pontinha dos lábios, rapidinho ao “caliente “ beijo de cinema, dado com intensidade .

Ricardo Cavalcanti, no livro “Flores e chocolate” afirma: ”O beijo desperta não só uma enorme quantidade de produção de endorfinas, mas ele também é um excelente elemento para fisioterapia das lesões da face. Durante um beijo são mobilizados 29 músculos, sendo 7 linguais. Os batimentos cardíacos aumentam de 70 para 150, melhorando a oxigenação do sangue, o que mostra que o beijo tem também indicação cardiológica. Mas ele também tem alguns pequenos inconvenientes. No beijo há uma considerável troca de substâncias, 9 miligramas de água, 0,7 decigramas de albumina, 0,8 miligramas de matérias gordurosas, 0,5 miligramas de sais minerais, sem falar em outras 18 substâncias orgânicas, cerca de 250 bactérias, e uma grande quantidade de vírus. Não se assustem com esses números, o beijo é ótimo. Sem esquecer que o beijo estimula a liberação de hormônios que causam bem-estar".

Detalhe: na troca de saliva, a boca é invadida por cerca de 250 bactérias, 18 de substâncias orgânicas. As terminações nervosas reagem ao estímulo erótico e promovem uma reação em cadeia. Ao mesmo tempo, as células olfativas do nariz – mais próximas da boca – permitem tocar, cheirar e degustar o outro.

Além disso, o beijo é calórico. Acredita-se que um beijo caprichado consuma cerca de 12 calorias. A melhor maneira de dar um beijo é transmitir a emoção que se está sentindo. Uma vez que quando se tem um prazer ou emoção grande, esta contagia o outro. E para isso, o principal é conhecer-se e reconhecer-se no outro.

Mas, no momento de preparo para uma relação sexual, nenhum parceiro vai lembrar das indicações fisiológicas do beijo - assim espero - o que vai importar é o afeto, o cuidado, a importância, a calma, a interpretação dos sinais. E são sinais a serem aprendidos como um novo idioma.

E como na arte do afeto somos sempre aprendizes, estamos ensinado e aprendendo.Como e onde gosto de beijar. Como e onde o outro gosta de ser beijado. Essas interpretações, esses sinais que não são ditos, mas transmitidos,esses muitos significados indicam por quais caminhos devo ir descobrindo , tocando , amando.

Menosprezar esse gesto tão importante é cair na mesmice, na repetição. Porque essa linguagem também muda, com o tempo, o momento, a fase da vida e a história de cada um.

Sugiro aqui uma brincadeirinha: Que todo casal “brinque” de ser namorado, de enamorar-se, de beijar com a curiosidade de conhecer o que tem lá no outro. De aprender ou reaprender os sinais de quem beija. De ser eternos descobridores da linguagem contida num beijo.

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