O Lugar Que Ela Ocupa Nas Escrituras Sagradas
Quando se pretende estudar uma palavra da Bíblia, ou alguma verdade da vida cristã, é de grande auxílio fazer minucioso exame do lugar que elas ocupam nas Escrituras. À medida que virmos onde aparecem, quantas vezes são mencionadas, e em que conexões se encontram, torna-se evidente a importância que têm e como se relacionam com o todo da revelação. Permitam-me tentar, neste primeiro capítulo, preparar o caminho para o estudo do que é a obediência, mostrando-lhes a que partes da Palavra de Deus nos devemos dirigir para descobrir a mente de Deus a esse respeito.
1- CONSIDERE AS ESCRITURAS COMO UM TODO
Começaremos no Paraíso. Em Gênesis 2.16, lemos: “E o Senhor Deus lhe deu esta ordem:...”, e mais tarde, em Gênesis 3.11, “Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?” Perceba que a obediência ao mandamento é a única virtude do Paraíso, a única condição da permanência do homem ali, a única coisa que o seu Criador lhe pede. Nada se diz sobre fé, ou humildade, ou amor: a obediência inclui isso tudo. Provém da soberania de Deus o direito e a autoridade de exigir obediência, e fazer dela a coisa que vai DETERMINAR O DESTINO DO HOMEM. Na vida do homem, obedecer é a única coisa essencial.
Volte-se agora do início para o final da Bíblia. No último capítulo se lê (Ap 22.14): “Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham poder na árvore da vida” Temos o mesmo pensamento nos capítulos 12 e 14, onde lemos sobre os descendentes da mulher (12.17), “que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”; e da paciência dos santos (14.12), “os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”. Do início ao fim, da perda do Paraíso até a sua recuperação, permanece imutável a lei — é somente a obediência que permite acesso à árvore da vida e ao favor de Deus. E se você indagar o que é que provocou a mudança entre a desobediência inicial, a qual fechou o acesso à árvore da vida, e a obediência do final que proporcionou o retorno a ela, volte-se para O QUE ACONTECEU NO MEIO DO CAMINHO entre o início e o fim — a cruz de Cristo. Leia Romanos 5.19: “... por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos”; ou Filipenses 2.8,9: “... tornando-se obediente até a morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira...”; ou Hebreus 5.8,9: “... embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem...”, e você perceberá que a redenção de Cristo consiste na restauração da obediência a seu lugar apropriado.
A beleza da Sua salvação consiste nisto, que Ele nos reconduz à vida de obediência, que é a única forma de a criatura dar ao Criador a glória devida a Ele, ou receber a glória da qual o Criador deseja fazer a criatura participante. Paraíso, Calvário, Ceu, todos proclamam a uma só voz: “Filho de Deus! a primeira e a última coisa que teu Deus requer de ti é simples, total, imutável obediência”.
2- EXAMINEMOS O ANTIGO TESTAMENTO
Aqui vamos reparar como, em todo e qualquer novo começo na história do reino de Deus, a obediência sempre é colocada em especial proeminência.
a). Considere Noé, o novo pai da raça humana, e você encontrará escrito por quatro vezes (Gn 6.22, 7.5,9,16) “Assim fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara”. É o homem que faz aquilo que Deus ordena, a quem Deus pode confiar Seu trabalho, é a esse homem que Deus pode usar para salvar outros homens.
b) Pense em Abraão, o pai da raça eleita. “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu...” (Hb 11.8). Quando ele completou quarenta anos nessa escola de fé e obediência, Deus aperfeiçoou a sua fé, coroando-a com Sua mais completa bênção. Nada poderia qualificá-lo para isso a não ser um coroador ato de obediência. Quando ele amarrou o próprio filho no altar, Deus interveio e disse (Gn 22.17,18): “... deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência... nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz”. E a Isaque Ele disse (26.3,5): “... confirmarei o juramento que fiz a Abraão, teu pai ... porque Abraão obedeceu à minha palavra...”. Oh, quando é que vamos aprender o quão agradável é a obediência aos olhos de Deus, e quão indizível recompensa Ele concede ao obediente! A maneira de sermos bênção para o mundo é sermos homens obedientes; conhecidos por Deus e pelo mundo por essa CARACTERÍSTICA ÚNICA — uma vontade completamente rendida à vontade de Deus. Que todos os que confessam andar nas pegadas de Abraão andem assim.
c) Avance até Moisés. No Sinai, Deus lhe deu a mensagem para o povo (Êx 19.5): “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos...”. E não poderia ser de outra forma. A santa vontade de Deus é Sua glória e perfeição; é somente ao identificar-se com Sua vontade, pela obediência, que é possível passar a ser o Seu povo.
d) Considere a construção do santuário no qual Deus haveria de habitar. Nos três capítulos finais de Êxodo, encontra-se dezenove vezes a expressão “De acordo com tudo que o Senhor ordenara a Moisés, assim ele fez”, e então “A glória do Senhor encheu o tabernáculo”. Igualmente assim em Levítico 8 e 9, encontramos, com referência à consagração dos sacerdotes e do tabernáculo, doze vezes a mesma expressão. E então, “... a glória do Senhor apareceu a todo o povo. E eis que, saindo fogo de diante do Senhor, consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar...” (9.23,24). Não há como tornar mais evidente que o prazer de Deus consiste em estar no ambiente criado por Seu povo obediente, e é ao obediente que Ele coroa com Seu favor e presença.
e) Depois de vaguear por quarenta anos no deserto, e da terrível revelação do
fruto da desobediência, surgiu um novo começo quando o povo estava para entrar em Canaã. Leia Deuteronômio, com tudo que Moisés disse a respeito da terra, e você descobrirá que não há livro na Bíblia que use a palavra “obedecer” com tanta frequência, ou mencione tantas vezes a bênção que a obediência com certeza trará consigo. Tudo se resume nas seguintes palavras (11.26-28): “Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, ... a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus...”. Sim, UMA BÊNÇÃO SE OBEDECERDES! Esta é a tônica da vida abençoada. Canaã, da mesma forma que o Paraíso e o Ceu, pode ser o lugar da bênção à medida que for o lugar da obediência. Queira Deus que nos empenhemos nisso! Que não aconteça que oremos apenas por uma bênção. Que nosso interesse esteja na obediência; Deus se encarregará da bênção. Que meu único pensamento como cristão seja ´Como posso obedecer e agradar ao meu Deus de forma perfeita?´
f) O próximo novo começo que temos é por ocasião da indicação do rei de Israel. Na história de Saul, temos a mais solene advertência a respeito da necessidade de perfeita e completa obediência por parte do homem a quem Deus vai estabelecer como governador do Seu povo. Samuel ordenou a Saul (1 Sm 10.8) que esperasse sete dias por ele para vir e sacrificar, e para lhe dizer o que fazer. Quando Samuel demorou (13.8-14), Saul resolveu tomar para si a responsabilidade de sacrificar. Ao chegar, Samuel lhe disse: “Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o Senhor, teu Deus, te ordenou ... Já agora não subsistirá o teu reino ... porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou”. Deus não vai honrar o homem que não é obediente. Saul recebeu uma segunda oportunidade para mostrar o que lhe estava no coração. Ele é enviado para executar o juízo de Deus sobre Amaleque. Ele obedece. Ele reúne um exército de duzentos mil homens, empreende a marcha pelo deserto, e destroi Amaleque. Mas apesar de Deus haver ordenado “... destroi totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupes...”, ele poupou o melhor do gado e Agague. Deus fala com Samuel: “Arrependo-me de haver constituído Saul rei, porquanto deixou de me seguir e não executou as minhas palavras”. Quando Samuel chega, Saul lhe diz duas vezes: “executei as palavras do Senhor”; “dei ouvidos à voz do Senhor e segui o caminho pelo qual o Senhor me enviou”. Muitos até pensarão que ele obedeceu mesmo, mas a sua obediência não foi completa. Deus demanda obediência exata, completa. Deus havia dito “destroi totalmente, nada lhe poupes”! E isso ele não fez. Ele poupou o melhor das ovelhas para sacrificar diante de Deus. E Samuel disse: “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros. Visto que rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei”. Triste exemplo de tanta obediência que executa parte do mandamento de Deus, e contudo não é a obediência requerida por Deus! O veredito de Deus a respeito de todo pecado e de toda desobediência é: “Destroi tudo! Não poupe nada!” Queira Deus nos revelar onde de fato estamos agindo como Ele quer, procurando destruir completamente e não poupando nada que não esteja em perfeita harmonia com Sua vontade. Somente a obediência de todo o coração, nos mínimos detalhes, pode satisfazer a Deus. Que nada menos que isso satisfaça você; para não acontecer que, dizendo nós “Eu obedeci”, Deus diga “Tu rejeitaste a palavra do Senhor”.
g) Vejamos mais um exemplo do Antigo Testamento. Depois do livro de Deuteronômio, o de Jeremias é o que mais contém a palavra “obedecer”, embora infelizmente na maioria das vezes em conexão com o lamento de que o povo não obedeceu. Deus resume todo o Seu trato com os pais nesta única palavra: “Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios. Mas isto lhes ordenei, dizendo: DAÍ OUVIDOS À MINHA VOZ, E EU SEREI O VOSSO DEUS” (7.22.23). Quem dera aprendêssemos que tudo que Deus fala a respeito de sacrifícios, até mesmo do sacrifício do Seu amado Filho, subordina-se a essa única coisa — a restauração da Sua criatura à completa obediência. Não há outra entrada para a plena compreensão do significado da palavra “EU SEREI O VOSSO DEUS” a não ser esta: “DAÍ OUVIDOS À MINHA VOZ”.
3 - VEJAMOS, AGORA, O NOVO TESTAMENTO
a). Lembramos de imediato de nosso amado Senhor, e o destaque que Ele dá à obediência como a razão por que Ele veio a este mundo. Ele, que entrou no mundo dizendo “Eis aqui estou, para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb 10.7,9), sempre confessou aos homens: “... porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou” (Jo 5.30). A respeito de tudo que Ele fez e tudo que Ele sofreu, até mesmo a morte, Ele disse: “Este mandato (mandamento) recebi de meu Pai” (Jo 10.18). Se repararmos no Seu ensino, encontraremos a todo momento que a obediência que Ele prestou é a que Ele requer de todo o que pretende ser Seu discípulo. Durante todo o Seu ministério, do início ao fim, a obediência é A PRÓPRIA ESSÊNCIA DA SALVAÇÃO. No Sermão do Monte, Ele começou com a obediência: Ninguém pode entrar no reino dos ceus, senão “aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos ceus” (Mt 7.21). E no sermão de despedida, quão maravilhosamente Ele revela o caráter espiritual da verdadeira obediência como nascida do amor e inspirada por ele, e como ela abre o caminho para o amor de Deus. Guarde no coração estas maravilhosas palavras: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco,... Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.15,16,21,23).
Não há forma mais simples nem mais poderosa de expressar o inconcebivelmente glorioso lugar que Cristo dá à obediência, com suas duas possibilidades: 1ª) A obediência só é possível a um coração que ama; 2ª) Ela possibilita tudo o que Deus tem para dar do Seu Santo Espírito, do Seu maravilhoso amor, da Sua habitação interior em Cristo Jesus. Não conheço nenhuma outra passagem das Escrituras que conceda maior revelação da vida espiritual, ou do poder da amorosa obediência como a sua principal condição. Oremos fervorosamente a Deus que, pelo Seu Santo Espírito, a luz desta verdade transfigure nossa obediência diária com sua glória celestial. Repare como isso tudo se confirma no próximo capítulo. Quão bem conhecemos a parábola da videira! Quantas vezes e com que fervor temos perguntado como podemos permanecer continuamente em Cristo. Temos pensado em mais estudo da Palavra, mais fé, mais oração, mais comunhão com Deus, e deixamos de reparar a verdade tão simples que Jesus ensina com tanta clareza: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor”, juntamente com a divina confirmação do Seu testemunho: “... assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço” (Jo 15.10). Tanto para Ele como para nós, a única forma que existe para permanecer no amor divino é guardar os mandamentos. Deixe-me perguntar: você sabia isto, você ouviu alguém pregar isto, você tem crido e provado essa verdade na sua experiência, que a obediência na terra é a chave para alcançar o amor de Deus no ceu? A não ser que haja alguma correspondência entre o perfeito amor de Deus no ceu, e nossa completa e amorosa obediência na terra, é impossível que Cristo Se manifeste a nós; Deus não pode fazer em nós morada, e nós não podemos permanecer em Seu amor.
b) Se passarmos de nosso Senhor Jesus para os Seus apóstolos, veremos no livro de Atos duas palavras de Pedro, que revelam que o ensino de nosso Senhor penetrou no Apóstolo. Na primeira, “... o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem” (5.32) — ele comprova que conhecia aquilo que havia sido a preparação para o Pentecoste: a rendição a Cristo. Na outra, “Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus...” (4.19) — aqui temos o lado humano da obediência: ela é para ser até a morte; nada neste mundo pode atrever-se nem consegue impedi-la no homem que se deu a si mesmo a Deus.
c) Na Epístola de Paulo aos Romanos, encontramos, no início e no final, a expressão “a obediência por fé, entre todos os gentios” (1.5; 16.26), como o propósito para o qual ele havia sido feito apóstolo. Ele fala daquilo que Deus operou “para tornar obedientes os gentios”. Ele ensina que, da mesma forma que a obediência de Cristo nos torna justos, nós nos tornamos servos da obediência para a justiça (6.16). Da mesma forma que a desobediência em Adão e em nós foi o que gerou a morte, assim a obediência, em Cristo e em nós, é aquilo que o Evangelho revela como o caminho da restauração a Deus e do Seu favor.
d) Todos nós conhecemos bem como o apóstolo Tiago nos adverte para que não sejamos meros ouvintes da Palavra, mas praticantes, e como ele explica como Abraão foi justificado e teve sua fé aperfeiçoada através das suas obras.
e). Na Primeira Epístola de Pedro, temos apenas de olhar o primeiro capítulo, para ver o lugar que a obediência tem a seus olhos. No verso 2, ele se dirige aos “eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo”, indicando-nos que a obediência é o eterno propósito do Pai, o grande objetivo da obra do Espírito, e a principal parte da salvação de Cristo. No verso 14, ele escreve “Como filhos da obediência”, nascidos dela, caracterizados por ela, sujeitos a ela, “tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento”. A obediência é O PRINCÍPIO DA VERDADEIRA SANTIDADE. No verso 22, lemos “Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade” — a aceitação da verdade de Deus não consistiu em mero assentimento intelectual ou mesmo em forte emoção; ela foi a sujeição da vida ao domínio da verdade de Deus; a vida cristã consistiu acima de tudo, e em primeiro lugar, em obediência. 6. A respeito do apóstolo João, todos sabemos quão enérgicas são as suas afirmações. “Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso...” (1 Jo 2.4). A obediência é A ÚNICA PROVA DO CARÁTER CRISTÃO. “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade. E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, perante ele, tranquilizaremos o nosso coração; ... Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável” (1 Jo 3.18,19,21,22). A obediência é o segredo da boa consciência, e da confiança de que Deus nos ouve. “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos...” (1 Jo 5.3). A obediência que guarda seus mandamentos: esse é o uniforme com que se revela o amor invisível, e pelo qual ele se torna conhecido. É este o lugar que a obediência ocupa nas Escrituras Sagradas, na mente de Deus, e no coração dos Seus servos. É justo que perguntemos: “É este o lugar que a obediência ocupa em meu coração e na minha vida?” Será que temos de fato dado à obediência esse supremo lugar de autoridade sobre nós, que Deus deseja que ela ocupe, como a inspiração de toda e qualquer ação, e de cada movimento em direção a Deus? Se nos submetermos ao exame do Espírito de Deus, talvez descubramos que nunca demos à obediência o seu devido lugar em nosso estilo de vida, e que essa falha é a causa de todo nosso fracasso na oração e no trabalho. Talvez descubramos que as mais profundas bênçãos da graça de Deus, e o completo gozo do amor de Deus e de sua presença tenham estado além do nosso alcance simplesmente porque a obediência nunca foi aquilo que Deus pretende que ela seja — o ponto de partida e o alvo da nossa vida cristã.
Que este nosso primeiro estudo desperte em nós um sincero desejo de conhecer completamente a vontade de Deus a respeito desta verdade. Vamo-nos unir em oração para que o Santo Espírito possa nos mostrar quão deficiente é a vida cristã onde a obediência não regula tudo; como essa vida pode ser substituída por uma vida de completa rendição a uma absoluta obediência; e quão certo é que Deus, em Cristo, nos há de capacitar a viver essa vida.
FONTE - A Escola da Obediência — Andrew Murray
1- CONSIDERE AS ESCRITURAS COMO UM TODO
Começaremos no Paraíso. Em Gênesis 2.16, lemos: “E o Senhor Deus lhe deu esta ordem:...”, e mais tarde, em Gênesis 3.11, “Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?” Perceba que a obediência ao mandamento é a única virtude do Paraíso, a única condição da permanência do homem ali, a única coisa que o seu Criador lhe pede. Nada se diz sobre fé, ou humildade, ou amor: a obediência inclui isso tudo. Provém da soberania de Deus o direito e a autoridade de exigir obediência, e fazer dela a coisa que vai DETERMINAR O DESTINO DO HOMEM. Na vida do homem, obedecer é a única coisa essencial.
Volte-se agora do início para o final da Bíblia. No último capítulo se lê (Ap 22.14): “Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham poder na árvore da vida” Temos o mesmo pensamento nos capítulos 12 e 14, onde lemos sobre os descendentes da mulher (12.17), “que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”; e da paciência dos santos (14.12), “os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”. Do início ao fim, da perda do Paraíso até a sua recuperação, permanece imutável a lei — é somente a obediência que permite acesso à árvore da vida e ao favor de Deus. E se você indagar o que é que provocou a mudança entre a desobediência inicial, a qual fechou o acesso à árvore da vida, e a obediência do final que proporcionou o retorno a ela, volte-se para O QUE ACONTECEU NO MEIO DO CAMINHO entre o início e o fim — a cruz de Cristo. Leia Romanos 5.19: “... por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos”; ou Filipenses 2.8,9: “... tornando-se obediente até a morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira...”; ou Hebreus 5.8,9: “... embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem...”, e você perceberá que a redenção de Cristo consiste na restauração da obediência a seu lugar apropriado.
A beleza da Sua salvação consiste nisto, que Ele nos reconduz à vida de obediência, que é a única forma de a criatura dar ao Criador a glória devida a Ele, ou receber a glória da qual o Criador deseja fazer a criatura participante. Paraíso, Calvário, Ceu, todos proclamam a uma só voz: “Filho de Deus! a primeira e a última coisa que teu Deus requer de ti é simples, total, imutável obediência”.
2- EXAMINEMOS O ANTIGO TESTAMENTO
Aqui vamos reparar como, em todo e qualquer novo começo na história do reino de Deus, a obediência sempre é colocada em especial proeminência.
a). Considere Noé, o novo pai da raça humana, e você encontrará escrito por quatro vezes (Gn 6.22, 7.5,9,16) “Assim fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara”. É o homem que faz aquilo que Deus ordena, a quem Deus pode confiar Seu trabalho, é a esse homem que Deus pode usar para salvar outros homens.
b) Pense em Abraão, o pai da raça eleita. “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu...” (Hb 11.8). Quando ele completou quarenta anos nessa escola de fé e obediência, Deus aperfeiçoou a sua fé, coroando-a com Sua mais completa bênção. Nada poderia qualificá-lo para isso a não ser um coroador ato de obediência. Quando ele amarrou o próprio filho no altar, Deus interveio e disse (Gn 22.17,18): “... deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência... nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz”. E a Isaque Ele disse (26.3,5): “... confirmarei o juramento que fiz a Abraão, teu pai ... porque Abraão obedeceu à minha palavra...”. Oh, quando é que vamos aprender o quão agradável é a obediência aos olhos de Deus, e quão indizível recompensa Ele concede ao obediente! A maneira de sermos bênção para o mundo é sermos homens obedientes; conhecidos por Deus e pelo mundo por essa CARACTERÍSTICA ÚNICA — uma vontade completamente rendida à vontade de Deus. Que todos os que confessam andar nas pegadas de Abraão andem assim.
c) Avance até Moisés. No Sinai, Deus lhe deu a mensagem para o povo (Êx 19.5): “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos...”. E não poderia ser de outra forma. A santa vontade de Deus é Sua glória e perfeição; é somente ao identificar-se com Sua vontade, pela obediência, que é possível passar a ser o Seu povo.
d) Considere a construção do santuário no qual Deus haveria de habitar. Nos três capítulos finais de Êxodo, encontra-se dezenove vezes a expressão “De acordo com tudo que o Senhor ordenara a Moisés, assim ele fez”, e então “A glória do Senhor encheu o tabernáculo”. Igualmente assim em Levítico 8 e 9, encontramos, com referência à consagração dos sacerdotes e do tabernáculo, doze vezes a mesma expressão. E então, “... a glória do Senhor apareceu a todo o povo. E eis que, saindo fogo de diante do Senhor, consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar...” (9.23,24). Não há como tornar mais evidente que o prazer de Deus consiste em estar no ambiente criado por Seu povo obediente, e é ao obediente que Ele coroa com Seu favor e presença.
e) Depois de vaguear por quarenta anos no deserto, e da terrível revelação do
fruto da desobediência, surgiu um novo começo quando o povo estava para entrar em Canaã. Leia Deuteronômio, com tudo que Moisés disse a respeito da terra, e você descobrirá que não há livro na Bíblia que use a palavra “obedecer” com tanta frequência, ou mencione tantas vezes a bênção que a obediência com certeza trará consigo. Tudo se resume nas seguintes palavras (11.26-28): “Eis que, hoje, eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, ... a maldição, se não cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus...”. Sim, UMA BÊNÇÃO SE OBEDECERDES! Esta é a tônica da vida abençoada. Canaã, da mesma forma que o Paraíso e o Ceu, pode ser o lugar da bênção à medida que for o lugar da obediência. Queira Deus que nos empenhemos nisso! Que não aconteça que oremos apenas por uma bênção. Que nosso interesse esteja na obediência; Deus se encarregará da bênção. Que meu único pensamento como cristão seja ´Como posso obedecer e agradar ao meu Deus de forma perfeita?´
f) O próximo novo começo que temos é por ocasião da indicação do rei de Israel. Na história de Saul, temos a mais solene advertência a respeito da necessidade de perfeita e completa obediência por parte do homem a quem Deus vai estabelecer como governador do Seu povo. Samuel ordenou a Saul (1 Sm 10.8) que esperasse sete dias por ele para vir e sacrificar, e para lhe dizer o que fazer. Quando Samuel demorou (13.8-14), Saul resolveu tomar para si a responsabilidade de sacrificar. Ao chegar, Samuel lhe disse: “Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o Senhor, teu Deus, te ordenou ... Já agora não subsistirá o teu reino ... porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou”. Deus não vai honrar o homem que não é obediente. Saul recebeu uma segunda oportunidade para mostrar o que lhe estava no coração. Ele é enviado para executar o juízo de Deus sobre Amaleque. Ele obedece. Ele reúne um exército de duzentos mil homens, empreende a marcha pelo deserto, e destroi Amaleque. Mas apesar de Deus haver ordenado “... destroi totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupes...”, ele poupou o melhor do gado e Agague. Deus fala com Samuel: “Arrependo-me de haver constituído Saul rei, porquanto deixou de me seguir e não executou as minhas palavras”. Quando Samuel chega, Saul lhe diz duas vezes: “executei as palavras do Senhor”; “dei ouvidos à voz do Senhor e segui o caminho pelo qual o Senhor me enviou”. Muitos até pensarão que ele obedeceu mesmo, mas a sua obediência não foi completa. Deus demanda obediência exata, completa. Deus havia dito “destroi totalmente, nada lhe poupes”! E isso ele não fez. Ele poupou o melhor das ovelhas para sacrificar diante de Deus. E Samuel disse: “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros. Visto que rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei”. Triste exemplo de tanta obediência que executa parte do mandamento de Deus, e contudo não é a obediência requerida por Deus! O veredito de Deus a respeito de todo pecado e de toda desobediência é: “Destroi tudo! Não poupe nada!” Queira Deus nos revelar onde de fato estamos agindo como Ele quer, procurando destruir completamente e não poupando nada que não esteja em perfeita harmonia com Sua vontade. Somente a obediência de todo o coração, nos mínimos detalhes, pode satisfazer a Deus. Que nada menos que isso satisfaça você; para não acontecer que, dizendo nós “Eu obedeci”, Deus diga “Tu rejeitaste a palavra do Senhor”.
g) Vejamos mais um exemplo do Antigo Testamento. Depois do livro de Deuteronômio, o de Jeremias é o que mais contém a palavra “obedecer”, embora infelizmente na maioria das vezes em conexão com o lamento de que o povo não obedeceu. Deus resume todo o Seu trato com os pais nesta única palavra: “Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios. Mas isto lhes ordenei, dizendo: DAÍ OUVIDOS À MINHA VOZ, E EU SEREI O VOSSO DEUS” (7.22.23). Quem dera aprendêssemos que tudo que Deus fala a respeito de sacrifícios, até mesmo do sacrifício do Seu amado Filho, subordina-se a essa única coisa — a restauração da Sua criatura à completa obediência. Não há outra entrada para a plena compreensão do significado da palavra “EU SEREI O VOSSO DEUS” a não ser esta: “DAÍ OUVIDOS À MINHA VOZ”.
3 - VEJAMOS, AGORA, O NOVO TESTAMENTO
a). Lembramos de imediato de nosso amado Senhor, e o destaque que Ele dá à obediência como a razão por que Ele veio a este mundo. Ele, que entrou no mundo dizendo “Eis aqui estou, para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb 10.7,9), sempre confessou aos homens: “... porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou” (Jo 5.30). A respeito de tudo que Ele fez e tudo que Ele sofreu, até mesmo a morte, Ele disse: “Este mandato (mandamento) recebi de meu Pai” (Jo 10.18). Se repararmos no Seu ensino, encontraremos a todo momento que a obediência que Ele prestou é a que Ele requer de todo o que pretende ser Seu discípulo. Durante todo o Seu ministério, do início ao fim, a obediência é A PRÓPRIA ESSÊNCIA DA SALVAÇÃO. No Sermão do Monte, Ele começou com a obediência: Ninguém pode entrar no reino dos ceus, senão “aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos ceus” (Mt 7.21). E no sermão de despedida, quão maravilhosamente Ele revela o caráter espiritual da verdadeira obediência como nascida do amor e inspirada por ele, e como ela abre o caminho para o amor de Deus. Guarde no coração estas maravilhosas palavras: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco,... Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.15,16,21,23).
Não há forma mais simples nem mais poderosa de expressar o inconcebivelmente glorioso lugar que Cristo dá à obediência, com suas duas possibilidades: 1ª) A obediência só é possível a um coração que ama; 2ª) Ela possibilita tudo o que Deus tem para dar do Seu Santo Espírito, do Seu maravilhoso amor, da Sua habitação interior em Cristo Jesus. Não conheço nenhuma outra passagem das Escrituras que conceda maior revelação da vida espiritual, ou do poder da amorosa obediência como a sua principal condição. Oremos fervorosamente a Deus que, pelo Seu Santo Espírito, a luz desta verdade transfigure nossa obediência diária com sua glória celestial. Repare como isso tudo se confirma no próximo capítulo. Quão bem conhecemos a parábola da videira! Quantas vezes e com que fervor temos perguntado como podemos permanecer continuamente em Cristo. Temos pensado em mais estudo da Palavra, mais fé, mais oração, mais comunhão com Deus, e deixamos de reparar a verdade tão simples que Jesus ensina com tanta clareza: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor”, juntamente com a divina confirmação do Seu testemunho: “... assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço” (Jo 15.10). Tanto para Ele como para nós, a única forma que existe para permanecer no amor divino é guardar os mandamentos. Deixe-me perguntar: você sabia isto, você ouviu alguém pregar isto, você tem crido e provado essa verdade na sua experiência, que a obediência na terra é a chave para alcançar o amor de Deus no ceu? A não ser que haja alguma correspondência entre o perfeito amor de Deus no ceu, e nossa completa e amorosa obediência na terra, é impossível que Cristo Se manifeste a nós; Deus não pode fazer em nós morada, e nós não podemos permanecer em Seu amor.
b) Se passarmos de nosso Senhor Jesus para os Seus apóstolos, veremos no livro de Atos duas palavras de Pedro, que revelam que o ensino de nosso Senhor penetrou no Apóstolo. Na primeira, “... o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem” (5.32) — ele comprova que conhecia aquilo que havia sido a preparação para o Pentecoste: a rendição a Cristo. Na outra, “Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus...” (4.19) — aqui temos o lado humano da obediência: ela é para ser até a morte; nada neste mundo pode atrever-se nem consegue impedi-la no homem que se deu a si mesmo a Deus.
c) Na Epístola de Paulo aos Romanos, encontramos, no início e no final, a expressão “a obediência por fé, entre todos os gentios” (1.5; 16.26), como o propósito para o qual ele havia sido feito apóstolo. Ele fala daquilo que Deus operou “para tornar obedientes os gentios”. Ele ensina que, da mesma forma que a obediência de Cristo nos torna justos, nós nos tornamos servos da obediência para a justiça (6.16). Da mesma forma que a desobediência em Adão e em nós foi o que gerou a morte, assim a obediência, em Cristo e em nós, é aquilo que o Evangelho revela como o caminho da restauração a Deus e do Seu favor.
d) Todos nós conhecemos bem como o apóstolo Tiago nos adverte para que não sejamos meros ouvintes da Palavra, mas praticantes, e como ele explica como Abraão foi justificado e teve sua fé aperfeiçoada através das suas obras.
e). Na Primeira Epístola de Pedro, temos apenas de olhar o primeiro capítulo, para ver o lugar que a obediência tem a seus olhos. No verso 2, ele se dirige aos “eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo”, indicando-nos que a obediência é o eterno propósito do Pai, o grande objetivo da obra do Espírito, e a principal parte da salvação de Cristo. No verso 14, ele escreve “Como filhos da obediência”, nascidos dela, caracterizados por ela, sujeitos a ela, “tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento”. A obediência é O PRINCÍPIO DA VERDADEIRA SANTIDADE. No verso 22, lemos “Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade” — a aceitação da verdade de Deus não consistiu em mero assentimento intelectual ou mesmo em forte emoção; ela foi a sujeição da vida ao domínio da verdade de Deus; a vida cristã consistiu acima de tudo, e em primeiro lugar, em obediência. 6. A respeito do apóstolo João, todos sabemos quão enérgicas são as suas afirmações. “Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso...” (1 Jo 2.4). A obediência é A ÚNICA PROVA DO CARÁTER CRISTÃO. “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade. E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, perante ele, tranquilizaremos o nosso coração; ... Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável” (1 Jo 3.18,19,21,22). A obediência é o segredo da boa consciência, e da confiança de que Deus nos ouve. “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos...” (1 Jo 5.3). A obediência que guarda seus mandamentos: esse é o uniforme com que se revela o amor invisível, e pelo qual ele se torna conhecido. É este o lugar que a obediência ocupa nas Escrituras Sagradas, na mente de Deus, e no coração dos Seus servos. É justo que perguntemos: “É este o lugar que a obediência ocupa em meu coração e na minha vida?” Será que temos de fato dado à obediência esse supremo lugar de autoridade sobre nós, que Deus deseja que ela ocupe, como a inspiração de toda e qualquer ação, e de cada movimento em direção a Deus? Se nos submetermos ao exame do Espírito de Deus, talvez descubramos que nunca demos à obediência o seu devido lugar em nosso estilo de vida, e que essa falha é a causa de todo nosso fracasso na oração e no trabalho. Talvez descubramos que as mais profundas bênçãos da graça de Deus, e o completo gozo do amor de Deus e de sua presença tenham estado além do nosso alcance simplesmente porque a obediência nunca foi aquilo que Deus pretende que ela seja — o ponto de partida e o alvo da nossa vida cristã.
Que este nosso primeiro estudo desperte em nós um sincero desejo de conhecer completamente a vontade de Deus a respeito desta verdade. Vamo-nos unir em oração para que o Santo Espírito possa nos mostrar quão deficiente é a vida cristã onde a obediência não regula tudo; como essa vida pode ser substituída por uma vida de completa rendição a uma absoluta obediência; e quão certo é que Deus, em Cristo, nos há de capacitar a viver essa vida.
FONTE - A Escola da Obediência — Andrew Murray
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