quarta-feira, 16 de setembro de 2009
QUANDO VOCÊ SE PERGUNTA SE DEUS SE IMPORTA
A última grande dúvida que surge em meio à dor é sutilmente diferente.
Trata-se de uma dúvida de natureza pessoal. Por quê Deus não demonstra maior interesse por nós nos momentos de necessidade? Se Ele se preocupa com a minha dor, por quê não me faz ver isso?
Um grande autor cristão, C. S. Lewis, escreveu um livro clássico sobre a dor, intitulado The Problem of Pain. Nesse livro, ele responde, de forma convincente, a muitas das dúvidas com que os cristãos se deparam diante do sofrimento. Centenas de milhares de pessoas encontraram consolo no livro de Lewis.
Mas anos depois de Lewis ter escrito o livro, sua esposa contraiu câncer. Ele a viu consumir-se, aos poucos, em um leito de hospital, acabando por morrer. Após sua morte, ele escreveu outro livro sobre a dor, esse de caráter muito pessoal e emocional. E nesse livro, A Grief Observed, C. S. Lewis diz o seguinte:
"Enquanto isso, onde está Deus? Este é um dos sintomas mais perturbadores. Quando você está feliz, tão feliz a ponto de não ter a sensação de precisar dele, ao recorrer a Ele com louvor, você é recebido de braços abertos. Mas recorra a Ele em um momento de desespero, quando todos os demais tipos de ajuda se mostram inúteis, e o que você encontra? Uma porta se bate no seu rosto, e você ouve o som da tranca que a fecha por dentro. Depois, segue-se o silêncio. Você pode tratar de ir embora."
C. S. Lewis não questionou a existência de Deus, mas, sim, o amor divino. Em nenhum outro momento, Deus pareceu mais distante ou desinteressado. Será que Deus tinha amor para dar? Se o tinha, então onde Ele estava nesse momento de tanta dor?
Nem todos têm a sensação de abandono descrita por C. S. Lewis. Alguns cristãos expressam que Deus se lhes revelou de forma particularmente real em seus momentos de dor. Ele é capaz de proporcionar um misterioso conforto que nos ajuda a suportar a dor por que estamos passando. Mas nem sempre é assim. Às vezes, Deus parece silenciar totalmente. E aí? Será que Ele só se importa com as pessoas que, de alguma forma, sentem o seu conforto? Já conversei suficientemente com pessoas que estavam sofrendo e pude perceber que as experiência diferem. Não posso generalizar a maneira como alguém sente, individualmente, a proximidade ou a distância de Deus. Porém, existem duas expressões de preocupação divina aplicadas a todos nós, em qualquer ocasião. Uma é a resposta de Jesus à dor. A outra envolve todo aquele que se diz cristão.
Mesmo os cristãos mais fiéis podem, assim como C. S. Lewis, questionar a preocupação pessoal de Deus. Nessa ocasião, as orações parecem palavras lançadas ao vento.
Poucas pessoas recebem a milagrosa aparição de um Deus misericordioso que venha a amenizar suas dúvidas. Mas, pelo menos, podemos ter uma visão real de como Deus, de fato, se sente em relação à dor.
"Era desprezado e o mais rejeitado
entre os homens; homem de dores
e que sabe o que é padecer."
Isaías 53.3
Jesus passou grande parte de sua vida ente pessoas sofredoras, e suas respostas a essas pessoas demonstram como Ele se sente em relação à dor. Quando Lázaro, o amigo de Jesus morreu, Ele chorou. Muitas vezes - e todas as vezes em que a sua interferência e atuação eram requeridas - Ele curou a dor.
Como Deus se sente em relação à dor? Olhe para Jesus. Ele respondia àqueles que sofriam com tristeza e pesar. Em seguida, com poder sobrenatural, Ele estendia a mão e eliminava as causas da dor. Não acredito que os discípulos de Jesus se atormentassem com perguntas como esta: "Será que Deus se importa"? Eles tinham provas cabais da preocupação de Deus todos os dias. Eles simplesmente olhavam para o rosto de Jesus e o viam desempenhar a missão de Deu na terra.
Em Jesus, encontramos o fato histórico de como Deus respondia à dor na terra. Ele expressa o lado íntimo e pessoal da resposta de Deus ao sofrimento humano. Todas as nossas dúvidas em relação a Deus e sobre o sofrimento devem, na realidade, ser filtradas pelo que sabemos sobre Jesus.
Jesus não só respondeu à dor com compaixão, como, surpreendentemente, o próprio Deus experimentou a dor. O mesmo Deus que, diante de Jó, se "jactou" de seu poder demonstrado na criação do mundo optou por se sujeitar a esse mundo e a todas as suas leis naturais, inclusive à dor. Outra escritora cristã, Dorothy Sayers, disse o seguinte:
Qualquer que tenha sido a razão pela qual Deus optou por fazer o homem como ele é - limitado, sofredor e sujeito a dores e à morte -, teve a honestidade e a coragem de lhe oferecer as suas próprias soluções para as limitações humanas. Qualquer que seja o jogo de que está participando com a sua criação, qualquer que seja a maneira como se relaciona com o homem, Deus segue as suas próprias regras e age de maneira clara e justa, Ele nada exige do homem que não tenha exigido de si mesmo. Ele próprio passou por toda sorte de experiências humanas, desde as mais banais tributações da vida familiar e restrições impostas pela vida profissional e a falta de dinheiro até os piores horrores da dor, da humilhação, da derrota, do desespero e da morte. Quando homem, Ele agia como homem, Ele nasceu pobre, morreu miserável e achou que, realmente, seus esforços e sofrimentos tiveram valor.
"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira", diz o versículo mais conhecido da Bíblia, "que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16).
O fato de Jesus ter vindo à terra, sofrido e morrido não exclui a dor de nossas vidas. Nem nos garante que nos sentiremos sempre confortados. Mas isso não demonstra que Deus se tenha sentado ao acaso, assistindo-nos sofrer sozinhos. Ele se juntou a nós e, durante a sua passagem pela terra, suportou uma dor muito maior do que qualquer grande dor que a maioria de nós pode suportar. Com isso, Ele conquistou uma vitória capaz de tornar possível a existência de um mundo futuro sem dor.
A palavra "compaixão" provém de duas palavras latinas que significam "sofrer com".
Jesus demonstrou compaixão no sentido mais profundo, ao descer voluntariamente à terra para experimentar a dor.
Ele sofreu conosco e por nós.
* * *
Assinar:
Postar comentários (Atom)
-
OS SONHOS ALIMENTAM A VIDA Os sonhos são como vento, você os sente, mas não sabe de onde. Eles vieram e nem para onde vão. Eles inspira...
-
2 Samuel 16 - 10. Disse, porém, o rei: Que tenho eu convosco, filhos de Zeruia? Por ele amaldiçoar e por lhe ter dito o ...
-
Texto Base: Atos 2:1-18 Pontos Introdutórios: ü Condição sine-quanon para recebermos Avivamento: – Desejar ardentemente o Avivamento !...
Nenhum comentário:
Postar um comentário